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Frank Viana Carvalho - 118 - Fevereiro de 2020
Aprendizagem baseada em problemas
Abordagem pedagógica para criar ambientes vibrantes no ensino superior
Foto da capa do livro New Approaches to Problem-Based Learning
New Approaches to Problem-Based Learning
Autor: Terry Barrett e Sarah Moore
Editora: Routledge - 295 páginas
Foto do(a) autor(a) Frank Viana Carvalho

Nesta obra, a aprendizagem baseada em problemas é conceituada como uma abordagem pedagógica que tem a capacidade de criar ambientes de aprendizagem vibrantes e ativos no ensino superior.

Os autores são docentes e pesquisadores. Terry Barrett é docente na área de Desenvolvimento Educacional na University College de Dublin, onde trabalha com equipes de desenvolvimento de currículo para projetar, implementar e pesquisar iniciativas de PBL em várias disciplinas.

Sarah Moore é docente e vice-presidente associada e professora da Universidade de Limerick, onde adota um enfoque estratégico na otimização do ensino e da aprendizagem.

ABP ou PBL

De modo geral, a mais conhecida das Metodologias Ativas é a “Aprendizagem Baseada em Problemas” - ABP, conhecida pela sigla em inglês PBL (Problem Based Learning) que usa a metodologia do trabalho em equipes ou grupos para promover o processo de ensino e aprendizagem através de problemas. É uma estratégia didático-metodológica centrada no aluno, pois sua experiência acaba tendo um significativo papel ao vivenciar a experiência de resolver um problema enquanto se aprende mais sobre os temas relacionados ao problema. Nessa metodologia, o aspecto central não é a resposta ou o feedback final, mas sobretudo o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias à resolução de problemas de um dado contexto, natureza ou enfoque.

A área médica (medicina e enfermagem) foi pioneira em aplicar o PBL e desenvolver os primeiros passos metodológicos ligados a essa proposta. Como são carreiras que formam profissionais que trabalham necessariamente com a resolução de problemas, a proposta se tornou rapidamente fundamental no processo formativo dessas áreas. Rapidamente outros campos do saber abraçaram a ideia e os princípios foram adaptados para a sua utilização na formação profissional e na educação básica.

No começo O PBL como proposta sistemática e organizada para a formação profissional, surgiu pela primeira vez em 1969 no ensino de ciências da saúde na McMaster University, em Ontário no Canadá, sob a coordenação de Howard S. Barrows.

Assim, em vez de apresentar o conteúdo das disciplinas seguindo as páginas de um livro texto ou numa sequência teórica, Barrows estabeleceu uma metodologia na qual, diante de problemas clínicos autênticos, os estudantes deveriam buscar informações e experimentar caminhos para a solução. Logicamente, a proposta envolvia passos nos quais os estudantes em pequenos grupos e o docente condutor do processo pudessem perceber deficiências (ou limitações) na compreensão, e identificar os próprios recursos para superar ou corrigir essas deficiências.

Dessa forma, várias habilidades e competências profissionais no campo prático e teórico seriam trabalhadas e desenvolvidas. No aspecto individual, além do protagonismo na ação educativa, os estudantes apresentavam melhora de sua performance acadêmica, bem como ganhos significativos em sua condução do próprio aprendizado, identificação de novos conhecimentos, automotivação, autocontrole e organização pessoal.

Expansão da ideia

A ideia ganhou forma de metodologia interdisciplinar, e logo começou a ser aplicada em outras áreas e campos de conhecimentos, da administração à educação, da engenharia à produção. De uma forma geral há dois usos do PBL ou ABP. O primeiro é a utilização em todo o percurso metodológico de um curso e o segundo é a utilização do modelo como estratégia didática de um docente em sua disciplina. No primeiro caso, de uma forma geral, a estrutura curricular do curso é dividida em módulos ou unidades temáticas, que por sua vez são compostas de várias etapas ou sessões, que acabam por integrar as diversas unidades curriculares (disciplinas). Para realizar tal proposta é necessário realizar um amplo e adequado planejamento com uma equipe multidisciplinar que permitirá que a metodologia de fato faça o aprendizado discente convergir para os objetivos propostos. No segundo caso, de igual forma o docente deverá planejar suas aulas e atividades de tal maneira que em cada etapa ele saiba com clareza quais competências e habilidades deseja desenvolver e quais conteúdos são mais adequados numa linha curricular progressiva.

PBL: Desenvolvimento pessoal e profissional

O PBL leva ao desenvolvimento de habilidades que farão parte do cotidiano profissional: pesquisa e aprendizagem contínua, avaliação crítica, vocabulário técnico, clareza na definição do problema, sequenciação de passos na resolução, incentivo ao trabalho em equipe (e todas as habilidades que isso envolve), protagonismo e formação de lideranças, colaboração, definição de papéis, testagem de respostas, análise de contexto, e comunicação clara: síntese nas assertivas e respostas.

Várias propostas inovadoras que realmente trazem ganhos no aprendizado e no desenvolvimento dos estudantes têm sido sugeridas e aplicadas e convivem lado a lado com caminhos e estratégias que efetivamente têm seu valor didático e outras que já deveriam ter sido superadas ou modificadas. Inovações levam tempo para se consolidar e ganhar novos adeptos, e no caso do PBL não foi diferente. A virtude do PBL é a utilização de várias dessas propostas inovadoras nas quais as exigências de formação profissional casaram-se perfeitamente com a metodologia.

FRANK VIANA CARVALHO é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

Frank Viana Carvalho
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