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Walter Paixão comenta a Economia da Desigualdade

Piketty não se propõe a discutir a questão da desigualdade fora do modelo de economia capitalista.

04/07/2018

 Mais especificamente, a oposição esquerda/direita projeta-se na questão da redistribuição econômica, que pode ser de duas espécies: a) uma redistribuição pura, em tese, a efetuada pelo mercado e por isso preferida pela direita; e b)  uma redistribuição eficiente, que pressupõe alguma forma de intervenção pública no processo econômico e por isso preferida pela esquerda. Piketty admite implicitamente que existem parcelas de verdade nessas duas visões extremas e se propõe a revelá-las por meio de exaustiva análise dos mecanismos socioeconômicos que produzem a desigualdade. 

O tema da desigualdade, sempre um tema sedutor (além de perturbador), talvez explique o extraordinário sucesso de um livro como O capital no século XXI, do escritor Thomas Piketty, perante o público culto em geral. Mas o prestígio que angariou entre destacados economistas de todo o mundo deriva principalmente do fato de suas conclusões socioeconômicas estarem apoiadas em farta documentação de fatos e números, permanentemente atualizados, que retratam a vida econômica real de diversos países. Sobre A economia da desigualdade, publicado por Piketty dezesseis anos antes e posteriormente incorporado integralmente à sua grande obra, pode-se dizer o mesmo: suas conclusões apoiam-se em dados econômicos reais de diversos países. Quanto aos estudos internacionais sobre a dinâmica histórica da desigualdade realizados nos últimos quinze anos, aos quais a obra teria feito apenas breves referências, o autor indica que o leitor poderá consultá-los on-line em uma base mundial de dados sobre rendimentos ( World Top Incomes Database) e em O capital no século XXI.

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